domingo, 25 de abril de 2010

Be careful.

Curioso. É simplesmente curioso como às vezes a gente custa a se adaptar a certas situações. Ou até mesmo a certas pessoas. Imagina: você ter que sair da sua zona de comodidade pra adentrar coisas novas. É, definitivamente curioso. Porque nem sempre o resultado é agradável e nem sempre pessoas sabem lidar com isso. Como por exemplo, não saber usar as palavras. Elas tem as sílabas, os fonemas e as idéias mas fazem com que elas se tornem afiadas. E machuquem. Porque? A troco de que? São tantas perguntas sem nenhuma resposta. É tanta dor sem ter para onde ir. Ai começa o velho dilema de acumular tudo no coração, mas, é fato, alguma hora tudo isso vai explodir. Cuidado. Curioso.

Cuidado, curioso.

Dois anos.

É, o tempo passa. E passa tão rápido! Parece tanto que foi ontem que eu fiquei histéria e pirei completamente quando minha mãe abriu a mão e tinha uma pulseirinha pro meet. Foi tanto tempo correndo atrás, tanta luta, tanta lágrima, tanta decepção... foram muitos dias sonhando com esse encontro, horas e madrugadas ensaiando na frente do espelho tudo o que eu ia dizer, brincando e imaginando milhões de ações e reações. TANTO AMOR, resumido nesse único momento mágico! Aonde não importava o tempo, as pessoas, o lugar. O mundo literamente poderia desabar ali, que eu não iria sequer dar-me conta. Porque quando os seguranças finalmente abriram a porta, tudo o que importava era o que meus olhos molhados se esforçavam pra focalizar, tudo o que eu via o ouvia eram vocês seis, com sorrisos anciosos esperando pelos abraços, carinhos e presentes dos fãs. E só o que eu conseguia pensar era 'Avança. Vamos pernas, se movam.' porque eu precisava encostar, tocar, sentir vocês pra ter certeza de que era real.
E de repente, os meus passos não eram mais complicados. De repente, eles tinham um rumo. De repente, eles eram leves. Como se não houvesse gravidade alguma e os outros fãs e seguranças perdessem as cores até sumirem e virarem borrões. Até restarem só nós sete. Parecia um filme rodando em câmera lenta: aqueles abraços sinceros e apertados, o sorriso estampado nas caras, as mãozinhas percorrendo meu rosto e enxugando minhas lágrimas que já saiam involuntariamente, aquelas vozes mágicas e tão doces, minhas palavras rompendo os nós de meus soluços... A atmosfera de alegria e realização na qual eu me encontrava! Simplesmente foi uma sensação única, em que todos os meus sentidos vinham como um turbilhão e se misturavam. Foi tanta emoção forte junta que até hoje não entendo como meu coração não teve um colapso, só Deus sabe como eu me senti. Foram os minutos mais importantes, esperados, magicos, rapidos, confusos, alegres, realizados e os mais VIVIDOS de toda minha vida.
Hoje, esses minutos não são apenas recordações, não se resumem apenas em instantes do passado. Fazem parte de mim. É meu passado, presente e será meu futuro, vão estar pra sempre estampados no meu sorriso e no meu olhar. Completamente inesquecível. Todo dia quando eu acordo eu me lembro dessa sensação e me vem um frio na barriga. E toda vez que fico triste, o que me põe pra cima é saber que eu tive a sorte e o universo conspirou pra que eu vivesse tudo isso: e eu não mudaria absolutamente nada! Afinal, que felicidade NO MUNDO poderia se comparar à minha naquele instante intenso e eterno? Vou esperar o tempo que for pra que isso se repita, vou fazer o que for possível e estiver ao meu alcance pra sentir isso de novo, foi inexplicável, foi perfeito, foi MÁGICO.
Dois anos se passaram e tudo é tão nítido, ainda me lembro de cada detalhe. Dois anos se passaram e eu continuo aqui, a mesma garotinha apaixonada, perdida e esperando por vocês. Dois anos se passaram e a saudade só aumentou.

sábado, 3 de abril de 2010

Beijos do seu Soldadinho de Chumbo

"Querida bailarina, talvez a senhorita nem mais esteja por aí. Nem sei se teu castelo de papelão ainda permanece intacto depois de tanta chuva, ao menos vale a esperança de que não naufragues junto as àguas revoltas desses dias que nos toma por assalto. Era necessário que eu escrevesse para ti mais uma vez. Faz tanto tempo que não a contemplo de perto e nem mesmo sei se já reconheceria teu gosto em outros beijos. Tudo que não me deixa em paz.

Não sei se sabes ou conheces bem isso, porém as pessoas estão se perdendo em relações abstratas, e eu aqui esperando que me caia outra noite em que o céu esteja limpo e que eu possa contemplar novamente o nascimento de algo, algo que não sei o nome: sei apenas que é preciso cativar o outro e depois de tudo, quereremos nos transformar no que agrada o outro. Como um objeto não identificado: porque é preciso que as vezes não digamos o nome nem classifiquemos as coisas, os seres.

Falo de uma bruta flor do querer minha querida, e você o que me diz disso tudo? Será que já perdeu as forças de lutar em posse de cisnes? Lembre que mesmo ferido e reclamando esperei por ti em cima de uma única perna e mesmo meus braços cansados de carregar o fardo fuzil não me abateu. A amizade vale mais que tudo, e é tão bom conhecermos pessoas assim iguais a nós, pessoas que às vezes parece faltar um pedaço.

Acho que essa semana aconteceu algo desse tipo: era um garoto que como eu escuta Gal Costa e reflete a poesia dos isolados, dos sozinhos e sonhadores idealistas. Como se fosse um objeto não identificado. Minha pequena e tão doce bailarina, não deixe de me responder, preocupo-me muito com a tua ausência e preciso saber se ainda pensas em mim. Esse silêncio todo me atordoa mas os dias que virão serão mais claros. Aqui também chove, mas às vezes bate sol… É preciso que haja um néctar na imensidão do tempo, em que sol e chuva soem como mais um dia que acalenta tudo quanto queremos, e que não faça apenas sol para que apague de brilho e calor os corações de chumbo como o meu. Nem mesmo que só chova, porque o frio tornaria-se o agasalho que esquenta e não eu a teu lado tentando recuperar esse coração quase dilacerado pela chuva."