quinta-feira, 11 de junho de 2009

1:23

Parada na calada da noite, naqueles raros e preciosos momentos de reflexão, de pausa, batimentos calmos e as vezes, sombrios. A uma hora daquelas, depois do lindo dia que teve, poderia estar sonhando... Sonhos, eternos sonhos de criança, com seu príncipe encantado em um bosque distante, borboletas e pássaros; daqueles sonhos que dói acordar, que são eternos. Mas, por um instante indefinido preferiu deixar os olhos bem abertos, a mente ligada e livre, solta na imaginação, flutuando no silêncio. E percebeu ali, quase que com um surto, que a realidade de seus atuais dias, também era boa, muito boa por sinal, quase tanto quanto seus sonhos. Isso não deveria ser díficil, não deveria ser raro, mas pelo menos pra ela, isso era.
Levantou e com passos lentos, sentou-se na janela. Naquela noite haviam estrelas, muitas delas na verdade, e estavam bastante nítidas. Sentiu-se mais iluminada do que nunca ao ver que perto da lua, as estrelas formavam um sorriso. Um frio na barriga e a pele arrepiada, ela sabia quem o tal sorriso estrelar lembrava.
Os números do relógio mudavam, mas sua fascinação por aquele sorriso, permanecia... Conseguiu ver além do sorriso, diversas coisas. Algodão doce, palhaço, elefante, bicicleta, picolé, arco íris. Tudo parecia estar dançando, bem ali a sua frente, tudo tão real e mágico. A magia estara presente em seus dias como nunca atualmente. Ela só queria poder abrir a janela, deixar seu corpo e sair voando com sua alma, ao encontro das formas conhecidas e familiares, juntando-se na dança com elas. Mas se perguntou que forma ela queria, ou deveria ser. Se ela pudesse escolher... o que ela se tornaria? A dúvida a inundou, tão confusa estava. Quase que tamanha indecisão se transformou em tristeza, mas não ali, não naquela noite estrelada.
Quantas decisões equivocadas estariam sendo tomadas naquele exato momento? Quantos erros estariam sendo cometidos, palavras erradas estariam sendo pronunciadas, quantas atitudes fatais estavam sendo efetuadas? Tantas màs escolhas e tanto arrependimento a longo prazo. Ela não queria isso. Queria não o certo, mas o que a faria feliz, o que a encheria de orgulho, o que a afastaria do arrependimento. Queria o maluco, o duvidoso, o seguro. Não queria controlar o futuro, jamais. A graça é não saber o que vai acontecer; Queria ser o que a surpreendesse. A resposta não chegaria de imediato, ela sabia. Mas ela pode esperar. É tão cedo. As estrelas estavam guiando ela, e não ela as estrelas. Conduzam-a, estrelas, ela irá com vocês.
E agora, ela está vivendo uma relidade, que mesmo cheia de imaginação, é a mais real, mais bonita, mais sincera e intensa.
Passaram-se longos minutos, e ela ainda conseguia ver a dança, linda dança. Poderia ser loucura, mas uma loucura gostosa, reveladora, contagiante. Poderia passar a noite inteira ali, misturando realidade com imaginação. Que receita boa era aquela, ainda mais com tantas pitadas de felicidade... Mas, desceu da sacada da janela, abriu a cortina o máximo que pôde, deitou na cama e tentou pegar no sono. O que ela viu em seus sonhos, foi diferente. Seu príncipe estava com ela, dançando sob a luz das estrelas que ela vira. Todos dançavam juntos, numa dança interminável de imensidão...

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