quinta-feira, 11 de junho de 2009

Catorze.

Chegou. E mais rápido do que o ponteiro dos segundos de meu novo relógio; passou.
Foi um dia e tantos. Um dia que eu julgava como apenas mais um, nem tão especial nem tão desnecessário (afinal, nenhum dia é desnecessário), ficou realmente marcado em mim, fez realmente a diferença.
Começou cedo. A ansiedade esteve presente desde o momento em que eu abri meus olhos, a festa também. As flores chegaram com um cartão lindo, e me encheram de força, me preparando para as emoções que estavam prestes a acontecer; acima de tudo, aquele aroma de amor, me inundou de alegria. O celular tocou três vezes, mas eu já havia desligado o despertador. Ah, não era o despertador! Eram mensagens, de queridos que desejavam o meu bem, que lembraram de mim as 6 horas da manhã... Ganhei meu três primeiros abraços apertados. A ida pra escola foi conversando com o papai, não tediante e sonolenta como é na condução. A escola em si, parecia diferente. Ou era minha cabeça girando de curiosidade, felicidade e medo ao mesmo tempo. Eu diria que é bem exaustivo ter tantos sentimentos embaralhados assim.
Entrei sozinha, mas logo encontrei sorrisos, sorrisos maravilhosos, esperando por mim. Vinham muitos, correndo, me abraçando verdadeiramente, me passando tanta energia com esses abraços, e soletravam votos de felicidade gritantes e contagiantes que, em meu ouvido, mais soavam como doces melodias. Ganhei o segundo cartão, lindo e diferente, e já estava sendo difícil segurar meu coração... até que derramei a primeira lágrima. Porém, diferente dos outros anos, minha primeira lágrima do dia vinte e dois não foi de dúvida, insegurança ou tristeza, foi de agradecimento. Por ter ali, palavras reconfortantes e aconchegantes; abraços, sorrisos e alegrias verdadeiras.
Me prenderam na sala, e entravam de um por um pra me cumprimentar com tanta simpatia e desejos. Mas, aquela pessoa que SEMPRE me dá o primeiro abraço sincero do dia em todas as manhãs, aquele cujo meu coração pertence, não chegava... Até que uma voz amiga diz: "Lu, vira de costas e fecha os olhos" É, eu sabia que ele estava ali, com alguma surpresa que faria meu coração ter um colapso nervoso, ou até mesmo sem nada, que não importaria minimamente. Só por ele estar ali. Meu melhor presente em pessoa. E foi isso que importou quando eu me virei; foi ver ele sorrindo, foi sentir o corpo dele perto do meu, foi me entregar em seus braços. Mas, quando o abraço afrouxou, vi que em suas mãos ele trazia outro bouquet. Um bouquet de rosas vermelhas maravilhoso, com uma amarela na frente, se destacando. Foi uma sensação de explosão, pois já não sentia meus pés no chão. Seria impossível descrever a emoção e a felicidade que se formaram dentro de mim; o tempo definitivamente parara naquele momento.
O sinal da escola, aquele estraga-prazeres, sôou cortante e levou meu amor lá pra cima. Mas foi trazendo meus outros amigos, atrazados, que entravam na sala e iam direto pra cima de mim, me assustando e me animando. Uma, passou reto, mas não foi a intenção dela, é normal ela esquecer as coisas... não ia deixar isso colocar a perder meu dia já perfeito.
O primeiro horário passou e eu não conseguia largar meus cartões, ou parar de cheirar minhas rosas. Só tava faltando a melhor amiga chegar, e quando o sinal do segundo horário tocou, eu já conseguia ouvir a risada dela do outro lado da porta. Ela, entrou linda e graciosa, com uma sacola de presente na mão, e me deu o mesmo abraço de agosto do ano passado, quando retornei de viagem.
Estava louca para ler os cartões que eu vira por cima do presente, quando espiei a sacola; mas tivemos que ir pro laboratório, vôou. Corri pra sala e comecei pelo menor cartão, aonde ela só falou palhaçada e besteira, mas isso era ela, e era assim que eu a amava, interamente e completamenta ela. Já no maior, não consegui conter as lágrimas, enquanto toda a sala zumbia e bagunçava, fiquei completamente imóvel em meu lugar lendo aquelas palavras, palavras que tinham vida, que tinham amor e adentraram em mim me fazendo transbordar. Todo o barulhou cessou, e aquelas palavras ficaram dentro de mim, guardadas e protegidas pra todo o sempre. Ela estava ali a frente, estudando; mas não aguentei e levantei as pressas pra lhe dar um abraço longo, enquanto sentia minhas lágrimas quentes caindo em seu ombro e enxarcando seu casaco.
Voltei a meu lugar e mais uma vez, não pude prestar atenção na aula de espanhol, estava tão agitada e tão contente. E, convenhamos, quando eu fico distraída, a aula é rapida; eu queria reencontrar logo meu amado. Prontamente, no meio de meus desvaneios, o sinal que antes fora o vilão, agora era herói. Perdida nas emoções do dia, custei a lembrar que haveria prova daqui a pouco, mas não me incomodaria ir mal, contanto que eu soubesse me deixar ser levada por aquele dia. E foi assim que aconteceu, não precisei nem sequer pisar fora da sala, ele ja veio correndo ao meu encontro. Naquele momento eu tive certeza de que eu não precisava de mais absolutamente nada (não que antes eu precisasse), mas a gente podia fugir e sumir, ficando só nós dois, ja seria uma comemoração além de perfeita. Ele me entregou uma carta, um tanto quanto grande, duas paginas preenchidas com seus pensamentos, seus sentimentos e sua letra linda.
A curiosidade estava a flor da pele, me matando. Mas ele não queria que eu lesse, e eu não queria desmoronar na frente dele. Também, como nem tudo é um mar de rosas, como as rosas que ele me dera, eu precisava relembrar a matéria. Então, me conformei em só ler aquele passaporte para felicidade, comovimento e lágrimas, após a prova.. Estudamos, e ele ali presente o tempo todo pertinho de mim, me ajudando e me achando, certamente, uma anta que não sabia nada sobre geografia. E mesmo com o bedel reclamando, e eu agoniada tentando gravar nomes e acontecimentos sem pensar sobre o que estava escrito naquela carta, o recreio foi especial. Como sempre é quando estou com ele. No meu dia-a-dia, diria que sem dúvidas, o horário do recreio, aqueles míseros vinte minutos, são os minutos mais bem gastos e mais bem aproveitados do meu dia.
E não existe verdade maior do que "o que é bom dura pouco". O recreio correu e me escapou, levando novamente meu amado lá pra cima, e eu ao meu lugar isolado na minha fileira de prova. Sempre sento na primeira carteira, não ter ninguém a minha frente me dá maior poder de concentração. Mas quis deixar aquele meu espaço especial, para o meu bouquet, e me sentei na segunda. A prova começou, e correu tudo bem. A carta estava no bolso da minha calça, e ela pesava, quase que berrava dizendo 'Leia-me'. Acabei rápido e estava segura. Pedi pra moça me deixar ler uma carta, que não possuia absolutamente nenhuma cola, mas fui repreendida. Me restou deitar, continuar agradecendo por tudo o que estava acontencendo, e por ainda ter 13 anos. Minhas ultimas horas com essa idade, estavam incríveis.
Combinei comigo mesma, de que iria olhar em volta e analisar as pessoas, observando cada movimento que tais faziam, o olhar de dúvida que atingia alguns olhares a cada questão que liam... mas isso poderia ser interpretado como aluna que tentava colar. Então era melhor arrumar outra coisa pra fazer. De repente, o aroma e a cor de minhas rosas, chamaram minha atenção e me enfeitiçaram. Puxei elas pra perto e fiquei cheirando, a cada expiração que eu dava, meu pulmão ganhava vida. Não só pelo cheiro ser delicioso, mas também pelo significado delas... me deixou boba. Eu estava disposta a contar pétala por pétala, porque tudo aquilo multiplicado por infinito, não chegaria sequer perto do que eu sentia pelo dono do presente. Mas uma voz me trouxe de volta a realidade, era o Carlos pronunciando "pode liberar". Isso não me animou muito, teria que esperar mais uma hora e tantos pra ver quem eu realmente queria ver. Mas, voltei a ficar animada quando reparei que não, não estaria com ele, mas estaria com suas palavras. As que me deixaram nervosa e completamente anciosa... finalmente reveladas.
Entreguei minha prova correndo e vôei dali, não quis comentar sobre a prova com ninguém, muito menos ir lá pra frente e ficar conversando a toa com as meninas, quis ficar sozinha. Não, eu não estaria sozinha, estaria muito bem acompanhada e protegida com o que ele teria a me dizer. Então sentei no chão, respirei fundo e desdobrei as folhas cuidadosamente. Logo nas primeiras palavras, um arrepio se espalhou por todo o meu corpo, e aquela ardência que dá no nariz e nos olhos, começaram. Eu tremia, e as lágrimas eram obstáculos malignos me distorcendo aquela letra linda. Eu poderia me obrigar a parar, levantar e tomar água, pra poder ler tranquilamente e nitidamente. Mas, eu tinha certeza de que eu não teria tanto auto controle assim. Lutei contra a imagem borrada, tentando abafar o soluço do meu choro. As lágrimas me encharcaram, tentei então ler em voz alta e ajusta-la até ficar firme. Mas minha voz tremia tanto quanto minha mão, e não saia.. um nó enorme tampava minha garganta.
Demorou, mas consegui terminar de ler. Consegui também reprimir a vontade exagerada que eu tinha de subir aquelas escadas, e roubar ele daquela sala de aula pra mim. O que eu não consegui, foi parar de desmoronar de felicidade, foi engolir o choro e controlar o treme-treme. As palavras dele giravam em minha mente, mas não me deixavam confusa, me deixavam... existe uma definição para uma alegria interminável e gostosa, que seja maior do que FELIZ? Porque o que eu sentia, ia totalmente além da felicidade. Achei que iria morrer sem ter alguém pra me dizer essas coisas tão lindas, alguém que descrevesse exatamente o jeito como EU me sinto, mas falando sobre ELE. Eu sabia que guardaria aquelas palavras comigo para todo o sempre, e foi por isso que apertei o papel em meu peito, infinitamente agradecida, pra que passasem alguma palavra caso eu tenha esquecido. Aquele momento, ficaria pro resto dos tempos. Depois de chorar tudo o que eu tinha, me deixar levar sem me censurar, eu li e reli milhões e bilhões de vezes, achando a cada nova vez que eu começava por aquele "Mell dells" que eu não iria chorar, mas me surpreendendo com minhas glandulas lacrimais. Me surpreendendo com o efeito que aquelas sílabas faziam surtir em mim... Não queria nem me mover, não escutava nada. Até que alguém me tocando e perguntando se eu tava bem, veio atrapalhar meu momento. Não iria dar nenhuma longa explicação, esclareci dizendo que era a prova. Reclamando e me contorcendo, levantei devagarzinho e empurrei as lágrimas quentes que ainda restavam. Olhei no relógio, 12:22. Daqui a pouco ele desceria, e não seria nada bom ele me ver assim, então guardei aquele papel, que mais era uma GRANDE parte de mim agora, junto as flores, e fui obrigada a me recompor.

Um comentário:

Rafaela Nepomuceno disse...

Own bb, tá muito lindooo! Sério, amei, de verdade. Tá maravilhoso. E cada dia você me impressiona maiss e mais. Assim vou acabar virando sua fã, chicaa hahaha Nao faça isso hehehe Te amooo, Lu. To aqui sempre =) E continue sendo assim. Juro que vou te cobrar um livro, tipo o Dulce Amargo, mas em seu nome, obvio (L) TE AMO DEMAIISSSSSSSSSSSS, TÁ? <3